“Os que (no anos 60,70 do séc. XX) advogam a “liberdade” conheciam bem os benefícios que tinham recebido da economia de mercado. Pertenciam a uma geração que gozava de liberdade e prosperidade a uma escala que os jovens nunca antes tinham conhecido.. Discordar da ordem “capitalista” em nome da liberdade parecia bastante ridículo, quando o contraste com a alternativa soviética era tão vivamente ostensivo. O que era necessário, para justificar o novo espírito de revolução, era uma doutrina que iria mostrar que a liberdade capitalista era uma ilusão, (…). O ataque de Adorno à cultura de massas pertencia ao mesmo movimento de ideias da denúncia de Marcuse quanto à ‘tolerância repressiva’. Era uma maneira de ver através das mentiras.”
Depois da leitura do parágrafo citado e complementando-o no artigo de Jaime Nogueira Pinto (JNP), em observador.pt, com o título: A Comissão (Europeia) de Exame Prévio, de 6/04/2024, desejo expressar a minha enorme preocupação se o que é ali for verdade. Ou seja, que a Comissão Europeia criará uma equipa para ‘filtrar’ e censurar textos/imagens e outros artigos de informação que possam dar vantagem aos partidos fora do mainstream. É uma autêntica ameaça à democracia, é um atraso civilizacional e também a ingerência numa das pedras basilares da Democracia, a livre circulação da informação e nesta perspectiva a capacidade em acreditar que o Cidadão Eleitor é e está esclarecido e tem domínio sobre o seu pensamento e vontades em votar no Partido X.
A crónica de JNP faz-me regressar à leitura de alguns clássicos de referência dos anos 30 a 60, como George Orwell ou Aldous Huxley ou Ray Brubdbury que nos seus livros e, metaforicamente, fazem ver o mal que é para uma qualquer Sociedade ser conduzida por um grupo de indivíduos cuja “práxis conscientemente direcionada para derrubar o sistema institucional vigente (…) ”, apresentam um mundo ideal, utópico, com uma ‘novilíngua’, vigiador e controlador do cidadão e a propaganda passando por uma acção comunicativa bastante forte e bem cimentada pelos agentes sociais que estão colocados, quais peões de xadrez, em instituições chave que têm o acesso e poder sobre os meios e equipamentos propagandísticos. Os pensadores de esquerda na Europa e América, instalados no e pelo conforto da Economia de Mercado e pelos benefícios do ‘capitalismo’, por exemplo, dão aulas em importantes universidades europeias (em Portugal, no ISCTE e a FEUC com o Professor Boaventura Sousa Santos, na Alemanha a Escola de Frankfurt) sendo locais criadores de verdadeiros ‘incendiários’ que disseminaram e ainda disseminam atitudes utópicas, limitadoras dos ideiais que a Democracia valoriza e com vontade em alterar a verdade Científica e a verdade Histórica, isto é, no dizer de JNP, na vontade de “cancelar para reinar”. Escreve JNP, “Tal como os democratas de Abril, na sua pequena escala, não hesitaram, no 28 de Setembro de 1974, em prender os reaccionários por listas de suspeitos para salvar preventivamente a democracia, assim também os democratas da União Europeia, na sua grande escala, não hesitam em examinar previamente e em censurar conteúdos “legais mas prejudiciais” para salvar preventivamente a democracia dos excessos de liberdade de expressão e de populismo que a ameaçam.”
Com o Partido Chega eleito para o Parlamento Europeu, maior é a capacidade de nós Europeus estarmos descansados porque sabemos que existem Eurodeputados que defenderão uma Europa de Nações, uma Europa com uma Identidade baseada nos princípios judaico-cristãos, uma Europa acolhedora de uma Imigração potenciadora de riqueza e não usufruindo apenas dos benefícios do Estado-social e suas instituições básicas (Saúde e Educação, Seg. Social), uma Europa multicolor no respeito do Estado de Direito e dos Princípios da Justiça e dos ideias de uma Europa das Nações.
Rui Pedro Matos
(Professor de Economia)