Estas palavras, alarmantes, representam o estado de espírito dos militares da Guarda Nacional Republicana, sem exceção, incluindo claro está, os militares adstritos ao Comando Territorial de Coimbra.
Frases tais como:
“ninguem quer saber de nós”,
“não passamos de números”, “se aumentar novamente a idade da passagem à reserva, meto baixa até me ir embora”,
“estou farto disto “
“isto tá bom é para os ladrões “, são expressões usuais e repetitivas, nas tais conversas ditas de caserna…
A verdade, nua e crua, é que o panorama em matéria de segurança é assustador.
Se atendermos a que sem segurança não há liberdade, e sem liberdade, não há democracia! O caos bem como a desmoralização do efectivo é uma realidade, apesar das tentativas desesperadas do governo em pintar o quadro de outra cor… com a complacência das chefias, claro está!
O cenário nas aldeias e vilas sob jurisdição da Guarda Nacional Republicana, Distrito de Coimbra incluído é o seguinte:
– Postos Territoriais a funcionarem apenas com um homem de serviço interno e sem patrulhas as ocorrências na sua área de jurisdição.
– Agrupamento de militares de postos vizinhos que, não raras vezes, têm sob a sua responsabilidade, dois ou mais Concelhos.
– A deslocação de patrulhas pertencentes a outros Destacamentos e oriundas de outros Concelhos, para tomar conta das ocorrências ali existentes.
– A negação do direito ao descanso complementar e por vezes do descanso semanal para dar resposta aos chamados eventos de grandes dimensões, tais como, Volta a Portugal, railis, concentração de Motos ou outros, obrigando os militares a esforços desumanos e imorais, colocando em causa a segurança dos cidadãos, visto que ninguém tem o dom da multiplicidade. Se estão num lado, não podem estar noutro…
Por outro lado, e sendo certo que não há soluções “mágicas”, existe um conjunto de medidas que urge serem aplicadas, mas para tal é preciso coragem para afrontar o poder central e local:
a) O reconhecimento e a valorização da carreira profissional através de um salário condigno;
b) A abertura sistemática e recorrente de concursos de admissão ao longo do ano;
c) A reestruturação imediata dos serviços de modo a libertar os militares de tarefas exclusivamente burocráticas e por conseguinte aumentar o número de efectivos quer nos Postos Territoriais quer nas diversas valências tais como SEPNA, Investigação Criminal ou Policiamento Comunitário;
d) O encerramento dos Postos Territoriais de pequena dimensão e localizados perto de outros postos, permitindo desta forma a transferência de militares e meios logísticos para postos de maior dimensão aumentando assim não só o número de operacionais como também o número de patrulhas durante os diversos turnos e horários;
e) A permissão de continuar ao serviço de todos aqueles que atingindo a idade de passagem a reserva assim o desejem através de incentivos econômicos e sociais;
f) O agravamento das penas de forma exemplar para todos aqueles que injuriem ou agridam agentes de autoridade
Texto.: ANÓNIMO