Há 37 anos, no dia 11 de setembro de 1985, Mangualde assistia ao pior acidente ferroviário registado no nosso país.
O conhecido “ACIDENTE FERROVIÁRIO DE ALCAFACHE” que fez um número incalculável de vítimas que até hoje (11/09/2022) ainda não foram apurados os números corretos.
O “11 de Setembro português” foi igualmente trágico como o dos Estados Unidos (2001). Poucos sabem, e outros tantos se esquecem do nosso 11 de setembro, pois é mais fácil recordar um ato de terroristas que a nossa própria história! Damos muito mais importância aos outros e ao que acontece fora daqui, que às verdadeiras necessidades e problemas internos, quer localmente, quer a nível distrital ou nacional.
Ao final da tarde do dia 11 de setembro de 1985, aconteceu na linha da Beira Alta um terrível e marcante acontecimento na história dos Caminhos de Ferro em Portugal e da Europa.
Terá sido em princípio, um erro de comunicação, via telefone, entre os chefes de estação de Nelas e do apeadeiro de Moimenta de Maceira Dão-Alcafache que colocou em rota de colisão os comboios envolvidos.
Na linha, de uma única via, seguia o comboio regional que tinha saído da Guarda com destino a Coimbra e em sentido contrário, a composição Sud-Express que tinha saído do Porto com direção a Vilar Formoso com destino a Paris. Houve uma paragem na estação da Pampilhosa/Mealhada onde mais de metade da lotação foi preenchida por cerca de 150 passageiros da REGIÃO CENTRO e em especial do DISTRITO DE COIMBRA e AVEIRO. Entre os 460 passageiros que viajam nas duas composições ferroviárias, MUITOS ERAM EMIGRANTES que regressavam a FRANÇA.
Por volta das 18 horas e 37 minutos os dois comboios chocaram frontalmente e com tamanha violência que provocaram uma série de explosões, causando bastantes feridos e algumas dezenas de mortos.
Esta tragédia deixou vítimas por identificar e que, até hoje, foram dadas como desaparecidas, impedindo até ao dia de hoje os seus familiares poderem realizar o luto e darem um digno sepultamento aos seus entre queridos.
A CP assumiu o pagamento dos funerais (das vítimas identificadas), os tratamentos aos feridos e agilizou o processo de indemnizações a todos os que foram vítimas do acidente.
Ainda hoje sou “vítima” deste acontecimento, porque um dos revisores que tinha entrado na Pampilhosa e iria até Vilar Formoso era meu familiar, assim como dois outros passageiros que iriam até Paris e os 3 estão no lote dos desaparecidos, que ficaram encarcerados, e por consequência carbonizados em cinzas.
Enquanto não nos valorizarmos internamente, dificilmente iremos voltar a prosperar!
ESQUECER O PASSADO, É APAGAR O FUTURO!
Texto.: Jorge Cardoso
Militante Distrito de Coimbra