Nas últimas semanas os professores encetaram uma luta pelos seus direitos, mas também pelo seu reconhecimento social. Gostei particularmente de ver um maior destaque para os professores e as políticas educativas por parte da comunicação social, dos sindicatos e dos partidos políticos.
Se muitos professores estão conotados com a Esquerda, muitos também não se identificam com este espectro político e alguns até se reveem no Partido CHEGA. Os partidos políticos precisam de atrair docentes porque os problemas da educação vão muito para além do congelamento das carreiras e das quotas para os escalões.
Vou dar alguns exemplos:
1) Os professores do primeiro ciclo trabalham muito mais que os outros professores, a mancha horária semanal é maior e nunca existe redução pela idade. Já houve alguma compensação para este facto, mas neste momento o que está previsto legalmente é QUASE NADA.
2) As Atividades Extracurriculares (AEC) no primeiro ciclo funcionam cada vez pior. Têm menos professores disponíveis e têm início cada vez mais tarde. A minha turma do primeiro ciclo este ano ESTEVE SEM Actividade Extra-Curricular o PRIMEIRO PERÍODO e neste momento ainda NÃO TEM TODOS os professores colocados.
3) A gratuitidade das creches é uma medida aprovada e colocada em prática pelo governo. Mas infelizmente MUITAS CRIANÇAS NÃO TÊM VAGAS. Muitos pais não têm onde deixar os filhos nas IPSS. Não está na altura de abrir creches públicas? Incluir a Creche no Ministério da Educação (Sistema Público) é aumentar a oferta para as nossas crianças/famílias e deve ser um imperativo de qualquer governante ou partido político.
4) A contagem do tempo de serviço prestado em Creche para efeitos dos concursos nacionais deveria ser um objetivo de qualquer organização sindical ou partido político. As educadoras de creche não concorrem em pé de igualdade com as outras educadoras, a formação académica e as funções são as mesmas, no entanto o tempo efetivo de trabalho não lhes é reconhecido. A inclusão da Creche no Ministério da Educação acabaria por resolver esta grave injustiça.
Podem ter a certeza de que a resolução destes pequenos problemas iria pesar muito para muitos docentes, alunos e famílias.
Iria também trazer mais paz social, melhor qualidade de ensino e fortalecer as organizações sindicais e os partidos políticos.
Augusto Louro Miranda
(Docente do 1º Ciclo do Ensino Básico – Professor do QZP)
(Autarca e Militante do Partido CHEGA)