A Barca Serrana terá sido inspirada em modelos da Mesopotâmia e é da família dos barcos da ria de Aveiro. Conforme os pergaminhos históricos, desde o tempo dos romanos e dos mouros que o Rio Mondego foi circuito de navegação.
O Rio Mondego sempre foi um elo entre a população mais a norte do Distrito, as zonas ribeirinhas da Cidade Mãe e a foz do Rio, junto à Figueira da Foz. Segundo o Foral de Coimbra em 1516, já a circulação das Barcas Serranas era uma constante, como forma de transportar pessoas e as mercadorias de Norte para Sul do Mondego.
O Rio Mondego foi uma via fluvial muito importante no comércio da região de Penacova, onde havia vários portos, sendo o Porto da Raiva o mais importante centro de embarque e desembarque de produtos.
O nome de “serrana” significa, que a barca vinha da serra carregada, de vinho, milho, azeite, telhas, cal, lenha e carqueja, que era vendida para aquecer os fornos das padarias de Coimbra e da Figueira da Foz e no regresso partiam carregadas de sal, peixe e arroz.
A Barca Serrana foi o alento de muitos habitantes da região, especialmente das povoações ribeirinhas, pois estavam estreitamente ligados ao rio, e os quais se consagravam ao transporte de mercadorias, rio abaixo, rio acima, utilizando para o efeito este meio de transporte.
Ser barqueiro era apenas uma forma de sustento, pois eram pessoas muito humildes e pobres. Era uma profissão muito dura, a qual não teve continuidade, e atualmente esta profissão está completamente extinta.
Com o assoreamento do Rio Mondego, devido à construção das pontes sobre o Mondego e da Barragem d’Aguieira, a navegabilidade também se tornou muito mais difícil.
O progresso com o forte aparecimento e expansão da energia elétrica e do gás foram outros dos motivos que levou a que as barcas serranas fossem desaparecendo do Mondego.
Segundo reza a história, as barcas serranas desapareceram na década de 50 do século XX, devido à enorme crise no concelho de Penacova, com a abertura dos Caminhos de Ferro da Beira Alta, o quais que faziam um escoamento dos produtos muito mais rápidos.
A abertura de novas estradas e o aparecimento de empresas de transportes de mercadorias, acabaram de vez com esta atividade comercial, a qual originou durante gerações, a composição de poemas e cantigas, sonhos e namoricos.
Atualmente, a Barca Serrana, serve como atratividade, estando ao serviço das populações ribeirinhas e aos Turistas, como mero propósito cultural, relembrando algumas das histórias dum passado recente.
Bem Haja a quem ainda acredita nas histórias da nossa terra e as faz renascer das cinzas.
Isidro Brás
Coordenador do Grupo de Trabalho de Penacova