Ser ARTESÃO, leva-nos às origens do Homem, onde os primeiros objetos feitos eram artesanais. Isso pode ser identificado no período neolítico (6.000 A.C.) quando o Homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica, como utensílio para armazenar e cozer alimentos e, descobriu a técnica de tecelagem das fibras animais e vegetais. A origem do ARTESÃO está intimamente ligada à sobrevivência do Homem.
O ARTESANATO é uma técnica manual utilizada para produzir objetos feitos a partir de matéria-prima natural. Considera-se ARTESANATO todo o trabalho manual, onde mais de 80% da peça foi fruto da transformação dessa matéria-prima pelo próprio ARTESÃO.
Nas últimos duas décadas, tem-se vulgarizado e confundido o ser ARTESÃO e o ARTESANATO, com a venda de produtos que são confecionados em fábricas e comprados em lojas dos chineses, e que são vendidos em Feiras de ARTESANATO.
Os ARTESÃOS que vão resistindo, têm de ombrear com um mercado de produção industrial. Muito mais rápido do que o tempo que o ARTESÃO levava para realizar as suas peças que são únicas.
Felizmente nos últimos anos, o ARTESANATO voltou a ser valorizado e ter um grande prestígio na sociedade o que leva à valorização da cultura.
O ARTESÃO, reflete a relação do ARTESÃO com o meio onde vive e a também da sua cultura e é considerado um artista, pois os seus produtos são verdadeiras OBRAS DE ARTE e exemplares únicos.
Ser ARTESÃO pode ser uma profissão com futuro até porque é ecológico, cultural, sentimental e criativo, esse futuro deve ser assegurado com ajuda do poder político, e acarinhado pelo poder político local, através de incentivos à participação dos ARTESÃOS em Feiras Regionais e Nacionais, ajudando à manutenção da atividade de promoção local, através de Lojas Colaborativas nos Postos de Turismo ou nas sedes da Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, incentivando às vendas online, simplificando a obtenção da Carta de ARTESÃO e de UNIDADE PRODUTIVA ARTESANAL.
A nova geração de ARTESÃOS tem o conhecimento que lhes foi transmitido pelos mais antigos, mas com uma visão mais criativa e ecológica e muitos dos seus artigos são assentes em materiais reciclados e ou reaproveitados, mas sempre enraizados na cultura local.
Outra das medidas que deve ser implementada para não deixar “falecer” os artesãos, é os organizadores dos eventos culturais que têm Mostras de Artesanato, exigirem a apresentação da CARTA DE ARTESÃO ou estarem devidamente coletados nas Finanças na área de ARTESANATO e Segurança Social no ato da inscrição.
As autarquias deviam criar uma Marca/Etiqueta para os artesãos do seu concelho e promover os mesmos através das redes sociais.
Com o devido apoio e carinho por parte das entidades competentes e com a criatividade dos artesãos, podemos dizer que o ARTESANATO em Portugal TEM FUTURO, porque é uma arte extraordinariamente adaptável, que respeita e promove a cultura local e é uma arte que exterioriza entrega, paixão e sabedoria.
Texto.: Isidro Brás, militante
Origem.: Distrital de Coimbra