Hoje é o dia de S. Mateus, padroeiro dos Contabilistas.
Segundo reza a história, era um publicano de nome LEVI, que não recolhia grande apreço entre o povo hebreu. Homem com um semblante pesado e taciturno, era completamente desprezado pelos cidadãos, visto que apenas servia os interesses do povo invasor (Romanos), pela recolha constante de impostos.
No entanto, era um Homem de valor intrínseco, ético, culto, resiliente e sobretudo bastante profissional.
A sua fama de coletor de impostos extravasava os muros de Cafarnaum, na Província da Galileia, visto que por ele passavam todas as rotas comerciais da Via Maris, que ligava o Egipto à Síria e ao Líbano, via o porto de Cesareia Marítima.
A sua importância era enorme, Jesus Cristo, numa das suas intervenções públicas, passa por ele e apenas lhe diz “levanta-te e segue-me”. Tornou-se um dos 4 Evangelistas que estão narrados na Bíblia, por ser homem letrado, e sobretudo, por narrar e escrever fielmente os acontecimentos conforme ocorreram. Assim deve ser um “Contabilista”.
A Contabilidade é mais do que um desígnio, é mais do que uma profissão, é mormente uma ARTE. Surgiu sobretudo para registo e controlo do património das famílias mais abastadas, evitando que de certa forma existissem desvios sem serem detetados. Os primeiros registos contabilísticos de que há memória, remontam aos sumérios, aos babilónios, aos egípcios e aos chineses.
Em Portugal, de acordo com a nossa história, em 1759 foi criada a primeira Escola Oficial de Contabilidade pelo Marquês de Pombal. A Aula do Comércio, vem fazer face às necessidades de criar profissionais capazes de regular e elucidar os comerciantes da época a efetuar o melhor controlo e os melhores negócios. Começaram por ser os filhos dos comerciantes a serem instruídos desta nova função, e a serem-lhe ensinadas a técnicas dos negócios internacionais e sobretudo a famosa “partida dobrada”.
Passados mais de 2 séculos, mais propriamente em 1958, foi criada a profissão de Técnico Oficial de Contas, consagrada no antigo Código de Contribuição Industrial, a qual vinha substituir os antigos e denominados “Guarda-Livros”, sendo-lhes reconhecido o verdadeiro e inegável valor no ordenamento jurídico português.
Mas como nem só de “boas marés vive o mar”, a profissão de Técnico Oficial de Contas, atravessou um período de inquietação e esquecimento por parte, quer dos comerciantes viciados, quer do poder político da época, relegando-os a míseros administrativos. Foram precisos quase 40 anos (1995), para que a profissão fosse regulamentada e principalmente, fosse aprovado o Estatuto da Profissão.
Em 2015 foi criada a Ordem dos Contabilistas Certificados, a qual é reconhecida a nível nacional, pela sua competência, preponderância profissional e ética dos seus associados, e sobretudo, pela sua contínua e profícua parceria com o desenvolvimento sustentado do país. São os Contabilistas Certificados que contribuem para que as ditas e propagandeadas “contas certas” do governo em funções, possam ser apresentadas ao pormenor. A nível internacional, pautam-se por pertencerem às maiores organizações, cuja missão é fortalecer, promover e desenvolver melhores condições para o exercício da profissão, pugnando sempre pela tutela do interesse público da contabilidade.
Atualmente, vive-se um dos maiores ataques políticos, à independência e soberania das Ordens Profissionais em Portugal, onde o Governo pretende “calar todas as vozes incómodas” e sobretudo, ingerir-se na sua orgânica, colapsando todo um trabalho efetuado durante décadas. Uma das matérias mais sensíveis e irracionais, é a intromissão de outros profissionais, em atos reservados que só aos Contabilistas Certificados diz respeito. A preocupação da Ordem dos Contabilistas Certificados é enorme, pois estão em causa, mais de 68.000 profissionais.
Por isso meus amigos, “nem só de pão vive o Homem, mas sim de toda a sensatez, brio e profissionalismo que o Contabilista tem”.
Todos Somos Poucos nesta hora…
Paulo Seco
Contabilista Certificado
(Presidente da CP Distrital de Coimbra)