Em Serpa, terra de história e cante, parece que também se canta o fado da imobilidade e que fado!
Um hino à incompetência, à falta de visão e à gloriosa arte de não fazer nada, sim, é disto que se trata, da (i)mobilidade entre as freguesias do nosso concelho, um tema que muitos comentam em sussurros, mas que poucos ousam dizer em voz alta.
Pois bem, aqui vai em bom som, a situação é uma vergonha!
Imagine-se viver numa freguesia onde só há transporte para Serpa de manhãzinha, porque é quando todos querem sair de casa, claro, e ao final do dia, porque, convenhamos, nada de útil acontece entre as 18h e as 08h do dia seguinte, porque se tiver sorte, pode até contar com um terceiro horário, numa dessas freguesias “VIP” do concelho, o que será um luxo!
Agora pensemos nos jovens estudantes, que se levantam antes do sol para chegar ao Secundário e, se tiverem uma aula ou atividade fora do horário, ficam por Serpa o dia inteiro. Já os seniores, esses atrevidos que ousam ir ao centro de saúde ou à Segurança Social, têm duas hipóteses, ou esperam o dia todo, ou fazem das tripas coração para arranjar boleia, o que é uma maravilha de serviço público!
E sabem qual é o mais curioso? A Câmara teve oportunidade de ouro de resolver isto, com o PRR (esse palavrão moderno que até dava jeito conhecer melhor), com apoios do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), com o programa C03-i01-m04 – Mobilidade Verde Social – Aquisição de Veículos Elétricos para as Edilidades, onde ofereceu apoios para adquirir veículos elétricos, o que dava para equipar a frota municipal com 15 ou 20 mini-autocarros. Mas… surpresa! Nada foi feito! Porque modernizar dá trabalho e, pelos vistos, o actual executivo camarário tem medo de suar, ou talvez prefira manter o povo bem quietinho e conformado, que assim ninguém chateia.
Mas, sejamos justos, este é um modelo de gestão com consistência, consistência na inércia, uma política de “deixa andar” onde quem sofre é sempre o mesmo, os cidadãos.
É que ligar as freguesias com transporte regular, ecológico e eficiente seria… revolucionário e revoluções dão muito incómodo aos que estão confortavelmente instalados com os seus “kamaradas” de sempre.
Felizmente, há quem proponha outro caminho, em que no projeto autárquico que represento, não queremos um concelho onde se vive de braços cruzados, queremos movimento, ligação, acessibilidade, queremos uma Serpa para todos, não apenas para os que vivem no centro ou têm carro próprio.
Por isso, caro leitor, da próxima vez que esperar duas horas pelo autocarro, lembre-se, não é azar, é opção política!
Por uma Serpa que se mexe, literalmente!
Por um Concelho mais Justo e Condigno para todos!
Mário Cavaco (Oficial Superior da Força Aérea Portuguesa na Reforma e ex-Retornado – Comissão Política da Distrital de Beja)